domingo, 28 de fevereiro de 2010

PREMISSAS III
TERCEIRA PAGINA

Vi um garoto estranho sentado sozinho num banco. De cabeça baixa escondia parcialmente seus olhos verdes entre seu cabelo vermelho. Sua face era pálida e a expressão vazia. Pareceu-me ter uns treze anos. Fiquei curioso e me aproximei dele. Seu nome era Lúcius. Tinha uma cicatriz acima dos olhos, que a principio o cabelo escondia. Ele era um menino de rua com a voz tenra que fazia doer o coração. Levei-o para minha casa, o tratei como um filho. Mas nada conseguia mudar a tristeza de sua face. Ele não tinha amigos e não falava muito. Carregava um crucifixo sempre ao peito. Jamais faltava a igreja. Eu tinha medo de entrar na igreja. Então ficava do lado de fora. Num dia de festival de adoração na igreja eu resolvi entrar. Logo que entrei fiquei tonto e desmaiei. Acordei em casa. Lúcius não estava em casa, por isso fui procurá-lo na rua. Encontrei-o num beco todo machucado cercado por cinco crianças imundas de rua. Senti tanto ódio que meu nariz começou a sangrar. Minha boca pedia o sangue deles. Saquei minha arma e os matei. Lúcius se levantou e tocou minha face. Eu senti como se estivesse no paraíso, logo cai. Acordei horas depois sem entender o que havia acontecido. Vi Lúcius dormindo e fui até a rua. Voltei ao caminho que fizera antes. Ao chegar ao beco me deparei com varias pessoas mortas. E por toda a rua se seguiam cadáveres podres como se estivessem lá há dias. Voltei correndo para casa. Quando cheguei vi Lúcius nu no quarto, ele me olhou e senti o meu corpo fraco. Perdi todo controle. Lúcius exalava um perfume doce, mas de morte. Deu-me um beijo e começou a devorar minha face. Eu não entendia nada. Veio-me a cabeça toda loucura que vivi. Logo minha dor passou. Senti como se estivesse livre do ódio. Ele se dizia um pleno. Um ser sem o toque de deus ou do demônio. Ele disse que se alimentou do meu ódio. Que estava comigo desde meus três anos. Quase inconsciente vi Lúcius com chifres e asas brancas. Rodeado de ratos e borboletas. Formigas vieram e me devoraram. Quase morri. Lúcius voltou e me beijou novamente. Senti imensa dor e ele entrou no meu corpo pela minha boca. Quando acordei havia voltado no tempo, no dia em que os assassinos iriam matar minha família. Mas algumas horas antes peguei a arma de meu pai. Esperei os assassinos e os matei na porta de casa. Assustei-me por não ouvir ruídos dentro de casa. Voltei correndo. Lúcius estava La. Ele matou minha família.
Tocou meu rosto e entrou no meu corpo.
Tinha de novo treze anos. Não tinha minha família. Mas tinha a experiência de um adulto. Um presente que Lúcius me deu. Aprendi a desfrutar o sangue.

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