domingo, 28 de fevereiro de 2010

PREMISSAS IV
QUARTA PAGINA

                                          Eu era um garoto com a experiência de um homem de trinta anos. Passei um ano num orfanato e consegui ser adotado. Eu tinha catorze anos e as trevas no meu coração. Certa vez quando à para escola uns garotos resolveram me bater. Levaram-me para um beco. Lá eu os espanquei e cortei seus genitais com uma navalha. Pra não ser descoberto tive de matá-los ali mesmo. Guardei seus olhos em um pote. Olhos castanhos e olhos azuis.
Aos treze anos já havia transado com todas as meninas do bairro. Mas já não me satisfazia.  Pelas ruas da cidade encontrei aquela prostituta que em outro tempo iria cuidar de mim. Paguei pra ficar com ela. No quarto a bati muito. A matei, usei e tirei a pele. O frenesi do sangue me excitava muito. Fui pra casa banhado de sangue e desejo.
Passei a matar moças e roubar suas peles. Depois do décimo assassinato a policia foi alertada. Eu fugi para outra cidade. Lá comi a esfolei o prefeito e três médicos. Logo parti para outra cidade.
Quando tinha dezenove anos fui para o campo. Lá conheci Eliane, uma jovem órfã. Sobrevivente de um massacre num orfanato. Passou a morar num templo de Iu. Sempre que me aproximava dela ela fugia.
Passei a vigiar o templo. Uma noite entrei no templo e vi Eliane com o chefe do templo. Ao ver os dois suados e pecaminosos, me enfureci. Meu coração voltou a doer. Enfurecido matei o chefe com um golpe de machadinha na nuca.  Quando me virei para Eliane ela já não era mais ela, era Lúcius. Juntos bebemos o suor do chefe. Lúcius me tocou e virou um anjo com metade do corpo masculina com um chifre e a outra metade feminina com uma asa branca. Lúcius disse que era aquela sua verdadeira forma. Disse-me que era o oráculo das mil faces da lua.
 Pediu-me para nunca mais voltar, me entregou meu baralho e partiu aos céus. Ainda me lembro do sangue, do frenesi e dos lindos cabelos ruivos da fera indo embora, levando consigo meu coração.
Lembrei-me de tudo que fizera até aqui. As pessoas que matei. Meus pais morreram. Mas o que não havia falado é que meu pai era alcoólatra e batia em minha mãe. Ela tinha uma doença rara, de toda forma não viveria mais um ano. Matei um assassino que ficava num bar até a noite, outro bêbado que batia na mulher na frente dos filhos. Um que se escondia sob imagem religiosa para abusar de crianças. Marcos, um homem apaixonado. Clara, uma mulher vingativa e sem limites. Matei famílias repulsivas e as piranhas da cidade.  Vi que valeu a pena.
Partirei hoje para o monte Nimanirus. Meu baralho me indicou que o oráculo esta adormecido lá.
Cuidado eu sei quem são vocês, tenho uma leitura péssima pra vocês, esta manhã vi numa carta um grande meteoro arrasando esta cidade.



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